Sobre o Cenário Profissional do Magic: The Gathering | Magic

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Publicado em 22/06/2023
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Salve galera! Como vocês estão?

Me chamo Rafael Kenji, também conhecido como tchuco no MTGO, sou de Londrina - PR, jogo magic competitivamente há sete anos e há um ano me tornei um grinder no MOL e streamer(twitch.tv/tchucomtg). Desde que me tornei um grinder e eventualmente coach de mtg, sempre me perguntam coisas do tipo “ahh mas você tem um salário?” ,“quem paga vocês?”, “pro player e grinder são a mesma coisa?”. Pensando na frequência em que ouço esse tipo de pergunta, pensei em escrever um artigo sobre o cenário profissional de Magic: the gathering.

Quando falamos em alguém que vive do Magic: the gathering, o pensamento mais óbvio que nos ocorre é: a pessoa é um empresário, que sobrevive vendendo produtos relacionados ao MTG, de produtos selados a acessórios, e até mesmo promovendo torneios ou encontros de jogadores de commander etc. Isso é tão óbvio que me pergunta o porquê de eu estar escrevendo essa parte... Mas para além do meio empresarial e de pessoas que trabalham para WOTC, temos três formas de trabalhar com o Magic: influenciadores, pro players e grinders.

Sobre os influenciadores

É uma atividade em que todos nós conhecemos e consumimos quando rolamos um reels, tiktok, feed de instagram, twitter etc. É um trabalho que envolve a produção de conteúdo, visando um público específico. Por exemplo: essa atividade em que estou fazendo nesse exato momento é a produção de um conteúdo informativo, que visa um público de jogadores de magic, casuais ou competitivos, que utilizam a plataforma do MYPCards.

Existem diversos tipos de conteúdo relacionados ao Magic: The Gathering, como por exemplo conteúdo mais focado a informações, notícias etc. relacionados ao magic e com o foco maior no cenário competitivo. Como por exemplo, meus grandes amigos de mais de uma década: Mafis, Maico, Lixandrão e Chico que compõe a nossa querida banca do melhor podcast de Magic do Brasil, e também parceiros do MYPCards, o Farpas de Mana.

                     

                                                      twitch.tv/farpasdemana                                    twitter.com/farpasdemana


Existem outros tipos de conteúdo que envolve mais o cenário casual, mais soft, mais divertido, voltado muito mais para dizer da comunidade que joga Magic e o entorno do jogo, é o que geralmente chamamos de o gatherer do Magic. Como são os canais mais conhecidos do youtube brasileiro, relacionados ao Magic.

São conteúdos extremamente diferentes e que visam públicos diferentes, mas abordam o mesmo TCG. “Mas tchutchuco, de onde vem o pagamento dessa profissão de influencer?” Em primeiro lugar: do público que consome o conteúdo, e através de inscrições na twitch, ads que eventualmente passam na twitch ou no instagram, donation, apoia-se etc. E com um grande número de seguidores em redes sociais e o engajamento do público, começam a aparecer patrocinadores e parcerias. Por isso, sempre que estou em live na twitch peço para deixar o follow, esses números realmente ajudam!

 

Pro players e Hall da fama

Nos referimos como “pro players” jogadores que não apenas vivem do jogo, mas também que possuem um nível muito acima da média e, principalmente, fazem parte de uma lineup, um time ou representa alguma marca, empresa ou organização. São jogadores que geralmente possuem um salário, bonificação por resultados, recebem ajuda de custo para jogar torneios e também trabalham como produtores de conteúdo para a sua respectiva organização, além de utilizar uniformes, produtos, acessórios das respectivas marcas para divulgar os patrocinadores.

Obviamente, se tornar um pro player não é uma tarefa fácil e que não depende única e exclusivamente de resultados ou qualidade na gameplay, muitas contratações de jogadores são realizadas por serem influentes e conhecidos dentro da comunidade, ou por expandir novos horizontes para line up, por exemplo: um jogador de magic que se dedica única e exclusivamente ao selado ou ao Magic Arena.

Apesar de já existirem equipes profissionais de MTG pelo mundo como a CFB, Hareruya, Cardhoarder, MPL etc. No ano de 2018 e 2019, vivemos o auge do Magic competitivo no Brasil, haviam eventos como o Latam Series, Nacional e dois GPs, muitos desses eventos com coverage, abrindo o espaço para a criação das primeiras equipes profissionais com o Bolts, Bazar Gaming e a HG Team.

Um jogador que representa muito bem essa primeira geração de equipes profissionais brasileiras, jogando pelo Bolts, é o nosso artista do selado, o Danilo “Kaies” Modesto. Sem sombra de dúvida um dos melhores jogadores do brasil, finalista de Grand Prix e com diversas participações em pro tour.

                    

                                                                                                    twitter.com/Kaies_mtg

A cena profissional Brasileira deu uma leve breakada por conta da pandemia, mas não impediu que novas equipes se formassem. O Miragem Mages já é um time de uma segunda geração, tendo como manager o Sid Rocha e como principal jogador o Rastaf, que também possui uma consistência absurdo em seus resultados, bem como diversas participações em pro tours.

                                                    

                                                                                              twitter.com/MagesMiragem

Os jogadores profissionais de Magic: the gathering são divididos em dois grupos: hall da fama e pro players. Os jogadores que estão no hall da fama do Magic: the gathering são jogadores que já conquistaram muitos títulos e possuem uma relevância enorme tanto dentro do jogo, como fora dele. Nós temos dois brasileiros que nos representam muito bem no hall da fama, o Willy Edel, que é o jogador que mais trabalhou para o crescimento do Magic no Brasil enquanto comunidade, eventos etc. Além de performar absurdamente em torneios como o pro tour, ficando na décima segunda posição no último pro tour. Outro brasileiro que compõe o hall da fama é o nosso GOAT, o PV, Paulo Vitor Damo da Rosa, foi campeão de todos os torneios possíveis: Nacional, Grand Prix, Pro Tour e Worlds. Sendo o jogador que mais recebeu dinheiro em torneios de Magic e o que obteve os melhores resultados da história Magic.

                                                 

Img disponível em: https://magic.gg/league/paulo-vitor-damo-da-rosa

“Como um jogador pode entrar para o hall da fama?” É necessário que ele tenha ao menos 150 pro player points, ter participado de seu primeiro pro tour ou worlds com ao menos 10 temporadas que antecedem a votação para o hall da fama, ter chego em ao menos duas finais de pro tour, não possuir nenhum banimento em sua DCI e incluir boa performance em eventos como World Championship, Mythic Championship, Mythic Invitational, and Magic Online Championship Series. Se o jogador atender a todos esses critérios, ele se tonará elegível para o hall da fama, depois disso serão selecionados membros da comunidade, jogadores e influencers para uma votação em que serão selecionados os jogadores que entrarão no hall da fama.

 

O que são e quem são os grinders?

Os grinders também são jogadores que vivem do Magic, porém com a diferença de que eles não fazem parte de um time ou organização, e dependem do seu próprio desempenho e da premiação de torneios para se manterem. também podem trabalhar com a produção de conteúdo e coach de Magic(ou escrevendo artigos como esse rs.). São jogadores que possuem um nível e volume de jogo bastante altos, muitas vezes tão altos como o de nível dos pro players. Infelizmente, é impossível sobreviver do Grind IRL no Brasil, seja pela quantidade de eventos ou pela premiação que geralmente não é muito boa. Provavelmente você encontrará algum grinder apenas em eventos que valem vaga para os regionais.

 “De onde vem a renda dos grinders?” Os grinders sobrevivem majoritariamente de daily e premier events do MTGO, e com a venda de tickets. O ticket é a moeda do MTGO, e tem uma equivalência de 1 ticket para 1 dólar, sendo vendida para outros jogadores ou para plataformas como o ManaTraders e CardHoarder. Além disso, a renda também pode vir da produção de conteúdo e coachs.

Os caminhos que levam alguém a se tornar um grinder são sempre particulares, alguns escolhem como um estilo de vida e amor ao jogo, alguns como uma fonte principal de renda, outros, como é o meu caso, uma fonte complementar de renda. O fato é que muitos sonham em poder ganhar dinheiro com um jogo online, mas até você conseguir manter uma rotina de grinder e consistência em resultados, leva um certo tempo e pode ser um pouco frustrante no começo, afinal você está “monetizando” um hobby.

Para vocês conhecerem alguns grinders:

João Rinado, stalonge no mtgo. Vice campeão do nacional modern e vice campeão do circuito ligamagic. 

             

                                                                                                                twitter.com/JoaoRinaldoo

Outro grinder que dispensa apresentações para os jogadores de espírito, é meu amigo Remf. Sem sombra de dúvidas, um dos jogadores que mais performou na história no Magic: the Gathering Online, Wallace “Remf”, colecionador títulos e top 8.

                                                                              

                                                                                                                  twitter.com/remf_mtgo

Sobre o Futuro do cenário profissional:

-O MTG Arena pode ser uma alternativa interessante?

Com certeza não! A economia do jogo é péssima, dependendo de horas diárias de jogos para você receber golds e gemas que só podem ser utilizadas dentro do jogo. Porém, isso não significa que o arena não seja uma plataforma mais atraente que o MTGO para realizar eventos online e em lan, e também é uma excelente ferramenta para jogadores iniciantes e que estão entrando no jogo.

Penso que para o magic se tornar um jogo com uma cena profissional muito mais atrativa, o jogo deve tomar os mesmos caminhos que os outros esports como o Counter Strike e league of legends. O primeiro passo é considerá-lo como um esport ou um esporte intelectual, como é o poker e o xadrez, para que haja subsídio governamental na realização de eventos, tornando mais atrativo para a wotc realizar eventos grandes como Grand Prix, isso também torna o cenário mais atrativo para novos patrocinadores, por exemplo: um torneio de mtg arena realizado dentro de algum estádio esportivo, com a transmissão ao vivo para o público, como já ocorre em outros esportes eletrônicos.

O segundo passo é: os jogadores de Magic devem se aproximar cada vez mais das organizações já existentes. A Furia precisa de uma lineup de Magic: The Gathering, assim como a Imperial, a Loud, The Union, Pain, Flamengo, Corinthians etc. Estar dentro de um time gera engajamento do público, e quando o público assiste, abrem-se as portas dos patrocinadores.

Por fim, o Magic competitivo e profissional necessita se aproximar mais do público em geral. Porém, o grande desafio para que isso ocorra é a própria complexidade do jogo, se torna muito difícil alguém que não conhece o cardgame assistir e entender o que está acontecendo em uma board, e se envolver afetivamente com aquilo e torcer para algum dos jogadores. Por esse motivo se torna tão essencial a presença das organizações grandes de esports, um corinthiano dificilmente não assistiria, torceria e apoiaria um jogador de Magic do Corinthians, e a mesma coisa para Furia, Loud etc. Creio que somente seguindo os passos de outros esports, conseguiremos solidificar essa cena competitiva e profissional do nosso esporte.

 

Espero que tenha contribuído com o conhecimento de vocês sobre o universo profissional, e que de alguma forma tenha instigado vocês a apoiar seus produtores de conteúdos, times, comunidades e jogadores. Conto com o prime de vocês! haha

https://twitter.com/tchucomtg

twitter.com/tchucomtg

https://www.twitch.tv/tchucomtg

 

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Muito obrigado a todos, e até breve! Um beijo do seu tchutchuco!

 

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