Boletim dos Artesãos - Fim do Sonho Profissional | Magic
Escrito por artesaosdomagic
Publicado em 17/05/2021
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Olá e sejam bem-vindos a mais um Boletim dos Artesãos, pronto para relatar e reforçar tudo o que de mais importante acontece no mundo do Magic: the Gathering. Nesta semana tivemos um anúncio que abalou o mundo do Magic profissional com a Wizards dando os primeiros detalhes de uma nova reconstrução do Jogo Organizado. Além disso, temos os detalhes do mais recente Fim-de-Semana de Liga. Vamos lá.
Pondo Fim ao Sonho
Na última quinta-feira, dia 13, a Wizards publicou o artigo "Esports: Transições e o Retorno aos Encontros” que visava dar os primeiros detalhes da visão da empresa para o Jogo Organizado uma vez que o mundo se prepara e começa a deixar o COVID para trás. Apesar de ser simples em conteúdo, o artigo gerou muito barulho e confusão na comunidade, principalmente entre os mais ligados ao jogo competitivo.
Antes de tudo é importante ressaltar que o artigo não tem nenhuma informação concreta de como será o Magic de 2022 para frente. Apenas ideias vagas e direções que a Wizards vê como as que fazem mais sentido para o jogo no futuro próximo.
A primeira parte do artigo foca no retorno dos eventos físicos. Desde o começo da pandemia a Wizards foi obrigada a focar basicamente todas as suas formas de jogo no digital, então já era esperado e muito antecipado que viesse uma reintrodução dos eventos presenciais e um re-equilíbrio entre as duas formas de jogo.
De forma geral, a Wizards se comprometeu em novamente investir nas experiências de jogo físico, mas sem deixar o jogo digital completamente de lado. Além disso, o foco primário será em eventos locais ou regionais, uma vez que questões como viagens e contato próximo e por períodos prolongados continarão sendo delicadas por um tempo.
O que se pode ler disso é que eventos regionais, como alguns Grand Prixes, por exemplo, devem retornar em breve, enquanto as grandes celebrações, como eram os Pro Tours, ainda devem esperar um pouco.
A segunda parte do artigo trata da transição entre o modelo atual e o futuro do Magic e a grande notícia é que o sistema de Ligas, MPL e Rivais, terá sua última temporada em 2021-2022. É de consenso geral na comunidade, inclusive entre os próprios participantes, que as Ligas não estavam funcionando, de forma que isso não foi uma surpresa.
Os detalhes para a Temporada 2021-2022 foram dados e teremos grandes campeonatos para cada coleção, nos mesmos moldes do Capeonato de Kaldheim, por exemplo, e com uma premiação total ampliada para $450.000,00. Não haverão Fins-de-Semanas de Liga e Desafios de pós-temporada, e os jogadores competirão apenas por vagas no Mundial, já que não haverão mais contratos profissionais de 2022 em diante.
Isso basicamente cobre todas as informações dadas no artigo, o que pode parecer um pouco confuso. Tudo o que foi anunciado já era esperado, e é até mesmo celebrado, então de onde vem a controvérsia? Bem, a confusão vem justamente do que o artigo não disse.
Em uma thread no Twitter discutindo e reagindo ao anúncio a Wizards declarou que “o Jogo Organizado não será desenvolvido para sustentar o Magic como uma carreira” e que o foco não será que circuito seja “economicamente sustentável” para os jogadores.
Isso significa colocar um fim na maneira atual que vemos os profissionais de Magic: the Gathering, que são pessoas que encaram o jogo competitivo como um trabalho de período integral, de onde vem a renda para que eles consigam pagar suas contas e sustentar suas famílias. E, claro, essas pessoas se dedicam intensamente ao jogo para manter suas posições. A Wizards está explicitamente dizendo que isso não será mais possível.
Para ficar claro, no mesmo tweet a Wizards confirma que o jogo em alto nível, com experiências similares a GPs e PTs continuará a existir. O que deixará de fazer parte deste mundo são os jogadores profissionais como descrevemos acima.
Obviamente, a declaração não foi bem recebida pelo círculo mais próximo de jogadores profissionais e competitivos por inúmeras razões. Os competidores das ligas estão basicamente sendo demitidos, ainda que com um ano de antecedência, o que não é uma situação agradável.
Para os Desafiantes, jogadores que não estão dentro do circuito, mas almejavam uma posição, o anúncio completamente destrói um sonho. E a notícia é ainda mais dura para os jogadores de regiões mais periféricas ao Magic, como América Latina e Ásia.
Sem os incentivos e a renda adquirida de através do status profissional, seja no atual sistema ou num dos anteriores, presentes desde a incepção do Magic competitivo, é inviável para os jogadores destas regiões arcar com todos os custos necessários para participar de grandes eventos. Isso significa que estes jogadores no futuro ficarão restritos apenas aos campeonatos digitais e aos eventos regionais menores.
A própria Wizards também disse não saber ao certo que tipo de sistema o Jogo Organizado vai adotar a partir de 2022, mas que não devemos esperar algo como as Ligas ou Pontos Pro, anterior a elas. E a reação da comunidade competitiva a isso é bastante cética, já que, depois de muitos erros e feedback ignorado nos últimos anos, muito não veem motivos para confiar no que está sendo criado.
Segunda Leva de Vagas e Rebaixamentos
E dando sequência ao tema Magic Competitivo, tivemos o segundo Fim-de-Semana de Liga da Etapa de Strixhaven, que definiu mais duas vagas para o Mundial e mais rebaixados nas ligas. Novamente tivemos os dois formatos do Arena na competição e com direito a novidades no Standard.
Além dos já conhecidos Sultai Ultimatum, Jeskai Cycling e Gruul Adventures, o Izzet Midrange marcou presença no formato pela primeira vez. O deck usa seus dragões, Dragão da Ponte Dourada e Galazeth Prismari para acelerar grandes mágicas no fim do jogo, Epifania de Alrund e Magma Opus, e tenta se manter vivo com cartas individualmente poderosas, Gigante Esmaga-ossos // Pisar e Já Sabia, na etapa intermediária do jogo.
No Histórico os olhos estavam voltados para como os profissionais resolveriam o problema proposto por Pacto Maculado, um deck muito difícil de se otimizar por ser quase singleton, com a exceção das condições de vitória. Apesar disso ele é tido como o mais poderoso do formato, o que podemos atestar por sua fatia do Metagame.
As novidades mais importantes para o arquétipo são a possível inclusão do vermelho para incluir Ruptura do Submundo no deck principal, que dá ao deck ainda mais resiliência em partidas de atrito, e Bando de Ratos no side-board, que adiciona mais um caminho para o deck vencer contra os decks de controle ou mesmo no mirror.
No final das partidas as vagas para o Mundial ficaram para o brasileiro Paulo Vitor Damo da Rosa na MPL e para Stanislav Cifka nos Rivais, parabés aos dois. Como o PVDDR já está classificado como atual campeão sua vaga vai para o Desafio da MPL.
Também tivemos alguns rebaixados. Brian Braun-Duin, Autumn Burchett e Shahar Shenhar caíram da MPL estarão entre os Rivais em 2020-2021. Já Matt Nass, Ryuzo Fujie, Matias Leveratto, Greg Orange e o brasileiro Lucas Esper se tornaram Desafiantes. Boa sorte a todos em seus futuros!
O único brasileiro ainda na disputa é Carlos Romão, que teve mais um Fim-de-Semana razoável, com 7 vitórias. Ele precisará de uma boa performance no próximo evento para se classificar para um Desafio de pós-temporada e manter chances de permanecer na MPL.
Assim finalizamos mais um Boletim dos Artesãos. Agora queremos saber de você. O que achou do anúncio da Wizards? Está empolgado pela volta dos eventos físicos? E pensa que o Magic competitivo deveria ser viável como carreira? Sinta-se livre para nos contar usando a seção de comentários. Você também pode nos alcançar por nossa página no Facebook, Twitter ou Instagram. Obrigado pela leitura.
Thiago Santos dos Artesãos do Magic
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