Cartas puras ou dependentes? 6 dicas para Commander! | Magic

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Publicado em 24/12/2020
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E aí, pessoal, tudo bem? Aqui é o Igor, da Estação Magic, e hoje vou tratar de um assunto muito importante para quem quer melhorar seus decks: a escolha de cartas puras ou dependentes para cada função.

Bom, primeiramente, acho interessante diferenciar as cartas nessas duas categorias principais: puras ou dependentes. "Mas o que são essas categorias, Igor?". Vamos lá, que eu vou explicar!

Cartas puras: São aquelas cartas que cumprem sua função no deck sem restrições (ou cujas restrições são cumpridas em praticamente 100% dos casos).

Cartas dependentes: São as cartas que estabelecem algumas restrições para cumprir sua função.

Observação: Todo esse artigo foi feito cosniderando que você sabe qual função cada carta está cumprindo no seu deck, ou seja, em qual categoria do deck ela se encaixa (por exemplo, draw, ramp, remoção, finisher, etc.) mas se você ainda não fez essa separação no seu deck, é muito importante fazê-la, porque esse é o primeiro passo para entender melhor o funcionamento do seu deck. Somente depois de entender como as suas cartas estão divididas é que você poderá começar a fazer escolhas entre cartas puras e dependentes.

Vamos ver alguns exemplos? Pensemos, então, em Card Advantage. Perceba a diferença entre: Novidades e Revelação Xamânica. Ambas as cartas tem o mesmo CMC (ou seja, as duas custam 5 de mana, ainda que de cores diferentes) e as duas tem como função te deixar com mais cartas na mão. Porém, a Novidades sempre que conjurada (em um situação normal) vai te dar 4 cartas, não importa qual o seu estado de mesa, por isso ela é chamada de pura. Já a Revelação Xamânica, por outro lado, pode variar pra mais ou pra menos, conforme o número de criaturas que você controla, podendo, inclusive, não te dar carta nenhuma. Por isso ela é chamada de dependente. 

Obsrvação: eu mencionei que algumas cartas são restritivas, mas suas restrições quase sempre são cumpridas, fazendo delas cartas praticamente puras. Apenas a título de exemplo, acho interessante mencionar aqui o Flagelo das Frotas, que normalmente é adicionado nos decks como um bounce global. Apesar de ele ser dependente do número de ilhas que você controla, em geral ele só é usado em decks monoblue e, consequentemente, pelo próprio alto custo dele, só é conjurado quando você já tem uma quantia interessante de ilhas. Assim, por mais que ele tenha essa restrição, em quase todos os casos vai funcionar sem você precisar se preocupar com isso, fazendo dele um bounce global muito mais puro do que dependente.

Agora que já entendemos o que é cada categoria, vale a pena explorar um pouco do porquê de usarmos as cartas de cada uma. Via de regra, as cartas puras são mais seguras, mas não te oferecem tantas vantagens. Já as cartas dependentes são arriscadas, mas podem te dar grandes benefícios. Aí é que entra o primeiro fator para a escolha:

1 - Em que cenário você pretende usar essa carta?

Vamos voltar para o exemplo de Card Advantage: Na hora de selecionar as cartas que entram nessa categoria para o seu deck, é importante considerar os diferente cenários possíveis para o uso de cada uma. Você quer comprar cartas quando tudo está indo muito bem, mas o seu gás acaba? Nesse caso, a Revelação Xamânica é uma excelente opção, enchendo sua mão novamente depois que você desceu tudo o que tinha. Agora, se seu objetivo é comprar cartas quando as coisas não estão indo muito bem e você precisa achar uma resposta, Novidades é mais indicada, afinal, ela vai te dar os draws indiferente do seu estado de jogo. Eu sei que é difícil imaginar exatamente em que momento do jogo você vai usar cada carta, então, para facilitar essa tarefa, vamos para o próximo ponto. 

2 - O que o seu deck/comandante faz?

Se você não sabe bem em que momento do jogo você pretende usar suas cartas, é interessante pensar quais situações são mais prováveis para o seu deck, considerando o seu comandante e a sua própria build como um todo. Por exemplo, em um deck que possui muitas criaturas de custo baixo, como o Kinnan, Vinculador Prodígio, que geralmente é carregado de mana dorks (criaturas que geram mana, como Elfos de Llanowar) de curva 1 e 2, a Revelação Xamânica é uma boa pedida, afinal, quando você despejar tuas criaturas no campo, por 5 de mana você pode comprar muito mais cartas do que você compraria com a Novidades. Além disso, mesmo que você esteja um pouco pra trás, ou tenha acabado de passar por uma remoção global, por exemplo, você provavelmente conseguirá conjurar seu comandante (que custa pouquíssima mana) e talvez mais um ou dois dorks, então a Revelação Xamânica ainda te dará 2 ou 3 cartas, o que não é ideal, mas também não é o fim do mundo. Por outro lado, se você está jogando com a Damia, Sage of Stone, mesmo que você tenha muitas criaturas no seu deck, a Revelação Xamânica já não faz tanto sentido, porque se o jogo está indo bem, sua própria comandante enche sua mão, mas se o jogo está indo mal e você não tem muitas criaturas em campo, o draw dependente não vai funcionar direito. Nesse caso Novidades é melhor, porque quando o jogo estiver indo bem, ela até dá um gás, mas quando o jogo está indo mal, ela pode ser a sua salvação. 

3 - Você tem um plano reserva? 

Esta é uma questão muito importante para quando você resolve arriscar mais, com um número grande de cartas dependentes: e se seu plano der errado? Por exemplo, se todo o seu draw envolve cartas dependentes, caso você não consiga cumprir com as restrições, o seu deck vai simplesmente parar? Isso é um grande problema! Cartas como a Revelação Xamânica são muito comuns em decks de bichões e geralmente vêm junto com outras cartas, como Encantador de FerasProjeto Guardião e Levante de Garruk. Apesar dessas cartas te oferecerem uma consistência incrível ao longo do jogo, contar apenas com elas pode ser um problema, principalmente nos cenários em que o deck não está indo muito bem, afinal, se você ficar perder o gás, uma carta dessas no top deck não vai te dar tanta vantagem. Por isso, mesmo nos decks em que as cartas dependentes conseguem funcionar perfeitamente, vale a pena guardar alguns slots (um pouco menos da metade, normalmente, mas pode variar) para cartas puras, como Harmonizar.

4 - Por que não usar só cartas puras?

Você pode estar se perguntando agora, por que não usar só as cartas que te garantem o que você quer, indiferente do seu estado de jogo? Bom, não há nada que te impeça de fazer isso, mas se você abrir mão de todas as cartas dependentes, seu deck provavelmente vai acabar ficando para trás, quando tiver de lidar com as jogadas explosivas dos outros, afinal, ele terá muita consistência para um jogo "mediano", mas dificilmente irá alcançar as grandes jogadas sinérgicas em que todas as peças se encaixam e em uma só rodada você vê quase um jogo inteiro se desenrolando, o que é basicamente a marca registrada do commander. Ou seja, você irá abrir mão de um nível mais alto de poder, para alcançar um nível mais alto de consistência. Mas por que não buscar os dois sem abrir mão de nenhum? Bom, isso nos leva ao próximo ponto:

5 - Então, como balancear as cartas puras e dependentes?

Se você já leu até aqui, deve ter percebido que estar em um dos dois extremos pode te levar a situações desagradáveis, mas com balancear isso? A princípio, se você ainda não está acostumado com o deck e não sabe muito bem como ele se comporta, pode ser interessante fazer algo perto de 50% para cada, apenas como um ponto de partida. Mas se você já conhece melhor o seu deck, pode variar melhor essas medidas, considerando os fatores já mencionados. Por exemplo, se o seu comandante tem custo baixo e te ajuda no draw, você pode usar menos cartas puras, já que ele próprio irá te ajudar na consistência, assim, você pode investir mais nas dependentes. Isso vale pra todas as outras funções do deck. Ainda assim, é sempre bom ter pelo menos algo próximo de uns 20% da categoria com cartas puras, apenas pro caso de dar tudo errado. 

6 - Não se deixe enganar!

Agora, uma última dica. Se você já está usando um mix de cartas puras e dependentes, pode acabar achando que as dependentes funcionam sempre. Por exemplo, em um deck aristocratas, focado em sacrificar as próprias criaturas para ativar efeitos como o do Artista do Sangue, você pode achar que usar apenas cartas como Bone Splinters é uma boa ideia, afinal, sempre que ela vem na sua mão você consegue sacrificar uma criatura pra remover outra, além de ganhar vários benefícios, certo? Errado. O que acontece é que, quando você usa um mix bem dividido de remoções puras e dependentes, na hora que vem uma com algumas restrições na sua mão, você pode usá-la tranquilamente porque ainda tem criaturas para sacrificar em campo. Agora, se todas as remoções forem assim, na segunda ou terceira vez que você for usá-la, pode acabar sendo obrigado a sacrificar algo importante, como o Artista do Sangue, ou pior, simplesmente não ter o que sacrificar e ficar com uma carta morta na mão. Aí é muito mais interessante ter um ou outro Homicídio no deck, porque mesmo que na hora de usá-lo você tenha uma criatura no campo e pense "podia ser um Bone Splinters", na hora que o Bone Splinters vier, a criatura ainda estará lá para ser sacrificada. Ou seja, às vezes as cartas dependentes parecem tão melhores do que as outras, só porque as cartas puras funcionam sem interferir no funcionamento delas, mas, no momento em que várias dependentes se imbricam, as coisas acabam não dando tão certo. 

Então é isso, pessoal, espero que essas considerações te ajudem a fazer as próximas escolhas! E se você discorda de algum ponto (ou tem alguma coisa a acrescentar) sinta-se à vontade para comentar aqui ou mandar uma mensagem em uma das redes sociais do canal. Você pode nos achar no Instagram ou no Twitter. Ah, e se você não é inscrito no canal, corre lá, que temos vários vídeos para te ajudar: Estação Magic 

Abraços, Igor!

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