Boletim dos Artesãos - Decepções em Série | Magic
Escrito por artesaosdomagic
Publicado em 05/10/2020
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Olá e sejam bem-vindos a mais um Boletim dos Artesãos, desperto e com tudo o que de mais importante acontece no mundo de Magic: the Gathering. Nessa semana temos uma nova funcionalidade na página de Esports do Magic, Magic.gg, mas os assuntos principais foram os anúncios da Wizards que deixaram os jogadores bastante decepcionados. Vamos às notícias!
Central das Decklists
Como anunciado na última Atualização de Esports o portal Magic.gg ganhou uma nova funcionalidade com uma central de decklists focada no Magic Arena. A página vai publicar decklists para os formatos Standard e Histórico tanto na modalidade Melhor-de-1 quanto Melhor-de-3.
Como acontece com os decks do Magic Online, serão publicadas apenas uma lista por arquétipo, o que dá uma visão geral do que é forte no formato, mas também mostras opções viáveis mesmo que não sejam convencionais. Diferentemente das listas do MTGO o nome de usuário não fica associado às listas publicadas. Todas as listas publicadas terão ao menos 6 vitórias consecutivas no ranqueado do Arena.
A página deve ganhar novas publicações regularmente, além de incluir listas as listas de grandes campeonatos. Esta é uma nova fonte para se inspirar antes de buscar a subida na escada do Magic Arena.
Apenas Uro Banido
O que prometia ser o assunto da semana passada, mas acabou sendo ofuscado, foi um novo Anúncio de Banidas & Restritas que ocorreu segunda passada, dia 28. E nele tivemos apenas um banimento, o de Uro, Titã da Ira da Natureza, e apenas no Standard, o que gerou controvérsias e deixou muitos decepcionados.
Uro foi provavelmente a carta mais forte do Standard por muito tempo, posição que solidificou após numerosos banimentos do formato. Ela conseguiu isso por oferecer uma combinação quase incomparável de pontos de vida, vantagem de cartas e desenvolvimento de mana, isso associado a uma habilidade recursiva muito abusável. O pedido de banimento da carta já era antigo e finalmente foi atendido.
Mas se ele era um monstro tão grande de onde vem o aborrecimento? Para isso temos que ver o objetivo do banimento, que é enfraquecer o deck que assaltou o Standard, 4C Omnath. E, de fato, por esse aspecto o banimento fica bem pouco expressivo, considerado por alguns como no máximo uma inocência tola da Wizards e para a maioria uma grande decepção.
Uro, Titã da Ira da Natureza era, sim, usado no deck, mas sua presença era apenas figurativa e talvez como um plano B caso tudo desse errado. A carta que comanda o deck é mesmo Omnath, Locus of Creation, que, com dissemos semana passada, traz o mesmo pacote de Uro. Além disso, embora o elemental não tenha a recursão, ele permanece em campo quando conjurado e, se oponente demorar um pouco que seja para respondê-lo já será tarde demais.
O resultado do banimento, então, pouco impactou o 4C Omnath, mas destruiu completamente o Sultai Midrange, totalmente dependente do Titã, e um dos poucos decks que estavam fazendo oposição ao elemental mítico de Zendikar.
De fato podemos ver isso nos resultados pós-ban no Qualificatório Red Bull Untapped da França e também no Qualificatório I do CFB Clash. No Untapped a presença de Omnath foi de “apenas” 26% entre 149 decks, o que é dominante, mas não sem precedentes. No entanto, do CFB Clash Omnath já subiu sua fatia para cerca de 45% do campo, e isso entre 451 decklists registradas, um número realmente impressionante.
Para reforçar o ponto que fizemos antes sobre Uro o deck 4C Omnath continua vivíssimo e só substituiu o titã por algumas cópias de Cultivar. O outro deck de Omnath que subiu os ranques é o Omnath Adventures, que não é nada mais que o famoso Temur Clover com a adição da carta mais forte do formato, afinal porque não, não é mesmo?
A Wizards teve oportunidade de mudar o rumo do formato, mas ele deve continuar assim por no mínimo mais uma semana. A sorte (ou azar) é que, a depender dos resultados das Grandes Finais dessa semana, teremos mais um Anúncio de Banidas & Restritas tão cedo quanto segunda que vem.
A Controvérsia de Secret Lair
Como dito antes o Anúncio de Banidas & Restritas que baniu Uro foi ofuscado por uma controvérsia ainda maior. E ela começou com algo tão simples como o anúncio de um novo Drop de Secret Lair. Também na segunda feira a Wizards revelou o Secret Lair X The Walking Dead, uma nova parceria da Wizards para trazer uma propriedade intelectual de outro grupo para o Magic.
Explicando o produto, Secret Lair X The Walking Dead conta com cinco cartas inéditas em borda preta e mecânicamente únicas que representam alguns dos personagens mais importantes da série: Negan, Rick, Michonne, Daryl e Glenn. Ele ficará a venda somente por uma semana, de 4 a 10 de outubro, pelo portal da Wizards e pelo preço de U$49,00.
Há vários pontos controversos no produto, mas o principal é a combinação de três: as cartas são em borda preta, mecanicamente únicas e com uma oferta limitada à janela de compra de uma semana. Isso significa que elas são legais para uso em torneio nos formatos eternos, Legacy, Vintage e Commander, e caso alguma delas se prove popular em algum desses formatos seu preço explodiria.
Se você não conhece a história da Wizards com cartas mecanicamente únicas, a última aventura da empresa nesse conceito foi extremamente mal sucedida com as promocionais de Buy-a-Box. Essas promos, cujo primeiro teste foi Canção do Fogo e Voz Solar, foram criadas com a promessa de um público casual, talvez mirando o Commander, assim como as cartas deste Secret Lair.
No entanto já na coleção seguinte veio Nexo do Destino, que quebrou completamente o formato quando pareada com Reconquista da Natureza . Depois de algum tempo de quietude outra dessas promos, Kenrith, o Rei Regresso, voltou e continua a ser muito relevante no Standard, ainda que não tanto quanto Nexo.
A experiência foi tão ruim que a Wizards deixou de fazer promocionais de Buy-a-Box mecanicamente únicas a partir de Renascer de Zendikar, então é compreensivo que os jogadores não tenham confiança alguma neste novo experimento.
Outra controvérsia é o motivo de a Wizards não ter usado nenhuma das técnicas que já foram usadas para implementar propriedades intelectuais externas. Fossem as cartas impressas em borda prateada, como foi com Transformers e My Little Pony, toda a confusão seria facilmente evitada. Ou ainda, se as cartas tivessem claras contrapartes no mundo de Magic, como as cartas de Godzilla que ganhamos em Ikoria, teríamos a segurança de que um reprint seria facilmente arranjável caso necessário.
Finalmente, um dos problemas mais graves é a acessibilidade do produto. Além de estar atrás da parede dos U$50,00 que muitos jogadores não podem pagar, há várias regiões do mundo, como o Brasil, onde simplesmente não é possível adquirir essas cartas de forma oficial e diretamente da Wizards.
Muitos jogadores se sentiram traídos por esse movimento da Wizards, que vai até mesmo contra o objetivo inicial de Secret Lair, que era de reprintar cartas existentes com novas artes e tratamentos colecionáveis.
A Wizards estará andando em gelo fino para seus próximos lançamentos e anúncios, já que o desgosto dos jogadores está se acumulando cada vez mais em vários aspectos do jogo. Veremos se até lá a empresa consegue melhorar sua imagem.
E isso acaba o nosso Boletim. O que você achou do banimento de Uro? Quanto tempo acha que demora até que Omnath também caia? E sob o Secret Lair X The Walking Dead, o que achou da forma como as cartas foram lançadas? Sinta-se livre para nos contar usando a seção de comentários. Você também pode nos alcançar por nossa página no Facebook, Twitter ou Instagram. Obrigado pela leitura.
Thiago Santos dos Artesãos do Magic
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